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Café de Minas Gerais é leiloado por R$ 8,1 mil

A saca do café vencedor do 7º Concurso de Qualidade de Cafés Especiais de Minas Gerais foi comercializada por R$ 8,1 mil. O valor é recorde na história da competição e o maior alcançado neste ano em concursos de café no país. O preço de mercado de uma saca de café atualmente está em torno de R$ 350. O café campeão estadual foi vendido em leilão após divulgação do resultado do concurso promovido pela Secretaria de Agricultura de Minas Gerais – por meio da Emater-MG - e Universidade Federal de Lavras (Ufla). A cerimônia de premiação e o leilão dos lotes finalistas foram realizados nesta quinta-feira (25/11), no Salão de Convenções da universidade.

O café campeão concorreu na categoria “cereja descascado” e ganhou nota 89,1 numa escala que vai até 100. Ele foi produzido na Fazenda Kaquend, no município de Carmo de Minas, no Sul do Estado. O produtor Ralph Castro Junqueira, que tem 37 hectares plantados na propriedade que é certificada pelo Programa Certifica Minas Café, desenvolvido pelo Governo de Minas Gerais para adequar o sistema de produção às normas internacionais. As fazendas aprovadas pelo Certifica Minas são auditadas por uma empresa com sede na Suíça.

“É fundamental agregar valor ao café e ter um produto de qualidade. No ano passado participei do concurso e fiquei em segundo lugar. Somente com este tipo de trabalho é possível enfrentar o mercado. Mas é preciso muita dedicação, muito suor”, disse o produtor após o resultado no concurso.

A saca de 60 quilos do café de Carmo de Minas foi comprada no leilão por um consórcio formado pela empresa de comercialização de café Carmo Coffees, pela cafeteria Kahlua, de Belo Horizonte, e pelo empresário Bruno Souza, da Academia do Café.

“A região de Carmo de Minas é excelente e este café é excepcional. Tive a oportunidade de provar e ele é o melhor do país. Vou utilizá-lo em cursos que promovemos em Belo Horizonte para que os alunos possam conhecer o que é um café de excelente qualidade”, disse o empresário.

Além da saca comercializada por R$ 8,1 mil, o produtor também vendeu um lote de nove sacas, do mesmo café, para a torrefadora Café Rancho São Gabriel. Cada saca foi adquirida pela torrefadora por R$ 1,5 mil.

Outro campeão do concurso foi o produtor Efraim Botrel Alves, do município de Ilicínea, no sul do Estado. Ele foi o campeão estadual da categoria “natural”, com 89,9 pontos e vendeu um lote de 9 sacas, cada uma por por R$ 900, além um outra saca isolada (microlote) por R$ 4 mil.

“É um esforço de muitos anos. Há dez anos resolvi investir em cafés especiais. O reconhecimento nos concursos é uma boa forma de atrair compradores internacionais. Hoje eu já exporto o café que produzo”, disse o produtor.

Concurso e leilão

O 7º Concurso de Qualidade de Cafés Especiais de Minas Gerais contou com 974 amostras inscritas de todas as regiões produtoras do Estado. Todas as amostram passaram por análises físicas e sensoriais (aroma e sabor) realizadas por provadores de Minas e outros estados. O processo de seleção foi realizado entre os meses de setembro e outubro por uma comissão julgadora formada por doutores em café de qualidade. Só passaram para a etapa final as 49 amostras de cafés que tiveram o mínimo de 80 pontos.

Além dos campeões estaduais nas categorias “natural” e “cereja descascado”, foram anunciados 18 vencedores, sendo seis de cada uma das principais regiões produtoras (Sul, Cerrado e Matas de Minas), sempre nas duas categorias. A divisão por regiões tem o objetivo promover o café de cada uma delas, respeitando e valorizando as características de cada local.

Após o resultado do concurso, as amostras com nota superior a 83,6 pontos foram leiloadas, seguindo a escala da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA, na sigla em inglês). O lance mínimo do leilão foi de R$ 617 por saca. O valor corresponde ao fechamento da cotação da BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros) no dia anterior ao concurso, acrescida de um ágio de 50%.

Uma novidade do leilão deste ano foi a redução dos lotes apresentados, que passou de 30 sacas exigidas nos concursos anteriores para somente 10 sacas. “É uma estratégia para valorizar ainda mais os melhores cafés, atraindo mais compradores, e para permitir a participação de agricultores familiares, que têm uma produção menor”, afirmou o coordenador do concurso, Marcos Fabri Junior, da Emater-MG. Ele explica que os cafés adquiridos em leilões são oferecidos ao mercado para reforçar o marketing das indústrias e cafeterias junto a um público específico, ou nicho de mercado, e por isso não é vantajoso ter grandes quantidades.

Certifica Minas

O café vencedor na categoria cereja descascado no concurso deste ano é cultivado em uma propriedade aprovada pelo programa Certifica Minas. Criado pela Secretaria de Agricultura de Minas Gerais, o programa tem o objetivo de atestar a conformidade das propriedades cafeeiras com os requisitos do comercio mundial, ofertando um produto que atenda as novas exigências dos consumidores. O Certifica Minas foi o primeiro programa de certificação de café implantado por um governo estadual.

A assistência aos produtores para a adequação das propriedades é realizada gratuitamente pela Emater-MG. Em seguida ela passa por uma avaliação do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), ao final do processo a fazenda é auditada por uma certificadora internacional.

“O mercado não perdoa os despreparados. Essa é uma constatação que tem que ser observada. Neste ano, há uma falta de cafés de qualidade no mundo. E o Brasil é o país mais preparado para atender esta demanda. É preciso ter uma boa percepção de mercado”, disse o secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, Gilman Viana Rodrigues.

Cerca de 1200 propriedades de café de Minas Gerais já foram certificadas. Até o final de 2011, a meta é chegar a 1500 propriedades aprovadas pela certificadora internacional..